Com as rotinas de trabalho afetadas pelo Covid-19, empresas apostam em atividades gamificadas para manter os colaboradores motivados
O conceito “gamificação”, já bastante difundido no meio corporativo, teve sua presença intensificada durante a pandemia. Com a Medida Provisória 936, de 1º de abril, surgiram novas possibilidades para o enfrentamento do estado de calamidade pública como o trabalho remoto, a redução de carga horária e as suspensões de contratos, o que levou as organizações a apostarem em plataformas on-line como os aplicativos gamificados. Por meio dos jogos, foi possível manter a produtividade, o espírito de equipe e a comunicação fluida, assim como promover conhecimento, de forma lúdica e divertida.
Nas palavras de Brian Burke, VP do Gartner Group – referência mundial em pesquisa e consultoria – a gamificação consiste no “design de experiências digitais e mecânicas de jogos para motivar e engajar pessoas para que elas atinjam seus objetivos”. A tendência mundial, que invadiu o Brasil nos últimos anos, já é considerada um grande diferencial de mercado aos setores que apostam na ferramenta.
É fato que as tecnologias mobile podem ser grandes aliadas no meio corporativo, no sentido de reduzir custos e melhorar resultados. E com o início da pandemia do Coronavírus, o processo de transformação digital das empresas tornou-se prioridade.
Conheça o Case do Grupo Risotolândia
O Grupo Risotolândia, especialista em refeições coletivas, foi pioneiro no seu setor ao desenvolver, ainda antes das medidas de isolamento social, um aplicativo totalmente gamificado, o Universo Risotolândia. A ferramenta inovadora, lançada em fevereiro de 2020, converge com os valores da empresa paranaense, que acredita na autonomia do colaborador e respeita todo o potencial do ser humano.
“Nossa proposta é que o desafio de cada colaborador dentro do game esteja de acordo com os desafios que ele tem no dia a dia da empresa”, diz Kamille Dantas, gerente de RH.
Nos dois primeiros meses do lançamento do jogo, o grupo observou que 70% dos jogadores eram profissionais com atuação em unidades externas à Unidade Central, no Paraná. Sendo uma empresa com funcionários em sete estados do país, com rotinas e horários distintos, a tecnologia é uma facilitadora do engajamento nas ações de educação corporativa.
Por essa razão, “o incentivo às práticas digitais é fundamental em nossa empresa, principalmente quando se fala em treinamento”, complementa Kamille.
Educação e diversão à distância
O acesso ao game da Risotolândia foi dividido em etapas: a primeira, disponibilizada em fevereiro de 2020, teve por objetivo principal despertar o interesse e gerar integração entre os colaboradores. A fase seguinte foi definida de acordo com a área de atuação do profissional, com perguntas específicas para cada uma delas, sendo que cada área tem a sua própria “galáxia” dentro do universo do game.
Todas as perguntas surgiram da participação de profissionais de todos os níveis da organização da empresa – pedagogos, psicólogos, engenheiros de alimentos, nutricionistas, cozinheiros e auxiliares de cozinha – que contribuíram voluntariamente para a construção do game, com apontamentos minuciosos de sua rotina de trabalho.
Ao longo de 12 meses, esse trabalho multidisciplinar foi determinante para a definição do escopo, cenários e critérios do aplicativo. Mariana Godoi, Coordenadora de Desenvolvimento Humano Organizacional da Risotolândia, conta que a experiência resultou em um jogo aderente à realidade da organização, que coloca em prática o anseio de todo o RH: reunir as demandas da organização e dos colaboradores.
Na etapa disponibilizada em abril de 2020, já durante a pandemia, o app gamificado passou a direcionar os jogadores para os cursos na UCR – Universidade Corporativa Risotolândia, outra plataforma do grupo de refeições coletivas, que oferece mais de 60 cursos à distância. Os cursos da UCR estão inseridos dentro do jogo: para avançar em cada fase do jogo, é necessário um código de segurança, acessado somente ao final de cada curso da UCR.
A Coordenadora de Desenvolvimento Humano Organizacional afirma que, ao integrar as duas metodologias educacionais, a empresa observou um aumento de 38% de inscritos nos cursos disponíveis dentro da Universidade Corporativa, a partir de abril. Já o Universo Risotolândia teve um aumento de 10% de jogadores ativos, durante o período da pandemia.
Investimento em tecnologia e inclusão digital
O uso APP na educação corporativa é parte do plano de inclusão digital adotado pela organização desde 2016, que teve início com a implantação da Universidade Corporativa que, em quatro anos, já capacitou 1200 colaboradores.
As estratégias de desenvolvimento do app gamificado contou com o subsídio de uma pesquisa acadêmica que constatou: 74% do quadro de colaboradores da empresa tinham smartphones com acesso à internet, 63% dos acessos eram motivados pela busca de informação, 28% pela diversão e 9% pelo desenvolvimento de novos conhecimentos.
Fernando Seacero, psicólogo e sócio fundador da i9ação – empresa paulista parceira que viabilizou o APP – acredita que a ferramenta pode gerar um maior nível de colaboração e um maior índice de retenção entre os colaboradores. “E, em um mercado tão competitivo, a retenção do talento é primordial”, destaca.
A proposta da Risotolândia é atrair talentos e assegurar o desejo de permanência na empresa, observando pontos fortes e avaliando oportunidades de melhoria nas equipes. “Os conteúdos gamificados geram a aproximação entre empresa e colaborador, transformando o conhecimento em uma experiência mais divertida e imersiva, com feedback contínuo”, complementa Fernando.