Por Fernando Seacero
Vou começar com uma breve história do tempo…
Até 1920, nos Estados Unidos, segundo John D. Couch, vice-presidente de Educação na Apple, em seu livro Rewiring Education 2018, a educação era direcionada e personalizada para os diferentes estilos de aprendizagem. As salas de aula possuíam um professor que direcionavam o ensino de forma mais focada nos alunos.
Na década de 1930, a fundação Rockfeller percebeu que precisavam “acelerar” a educação nos Estados Unidos e, assim, padronizaram o método e o conteúdo que era ensinado para que mais trabalhadores pudessem ser formados.
Esta padronização foi seguida por diversos países e a educação focada no aluno foi aos poucos se perdendo e dando lugar ao foco nos currículos básicos e na padronização do conteúdo muito mais do que na aprendizagem e nos alunos em si.
Isto teve um impacto que persiste até hoje na educação escolar e na educação corporativa que passaram, no último século, a padronizar o currículo escolar, desconsiderando necessidades individuais de aprendizagem.
Mas, o que pode de fato ser uma aprendizagem?
Recentemente, o estado de flow, fun theory e muitas outras teorias modernas sobre aprendizagem e educação voltam sempre para mesma pergunta: como a aprendizagem acontece e como podemos ampliar sua eficiência?
Aqui começo a contar outra história, agora, sobre duas inseparáveis amigas da aprendizagem: a dopamina e a serotonina.
Estas duas colegas são hormônios que aumentam nossa capacidade de armazenamento e transmissão neural.
Segundo Dr. Kieran O’Mahoni em seu livro Brain-centric Design, estimular a produção de serotonina e dopamina são a chave para que a aprendizagem possa acontecer de forma ultra eficiente.
Mas, o que gera a dopamina?
Um bom exemplo é uma pessoa jogando num caça níquel. Ao analisarem os níveis de dopamina nesses jogadores, descobriram que eles tinham um pico toda vez que estavam prestes a jogar e imaginando como poderiam vencer e ganhar o prêmio.
O que os pesquisadores descobriram é que os participantes não tinham o pico de dopamina quando ganhavam, mas quando estavam jogando e prestes a ganhar o prêmio. Quando ganhavam, os picos de dopamina e serotonina baixavam enormemente.
Conclusão: a expectativa de conquista e de desfecho é que nos gera os hormônios e não o momento da vitória em si. Portanto, na gamificação não são os prêmios em si que geram engajamento, mas o desafio e a possibilidade de conquistas.
(O estudo de O’Mahony concluiu que somos vinculados e viciados no desafio e no jogar pela dopamina, e não na conquista de dinheiro em cassinos)
Bom, mas o que isso tem a ver com a gamificação e com a aprendizagem em um ambiente digital?
Tudo.
Na aprendizagem você pode ter uma barra de progresso que muda de cores e mostra sua evolução, reforçando seu avanço e criando mais dopamina em relação ao seu objetivo comum e coletivo.
A serotonina é ativada com a música do game e com desafio entre os participantes, ou mesmo na troca de experiências em um local onde você possa postar seus aprendizados.
Outro elemento que ativa a serotonina são as questões com cara de desafio: conteúdos seguidos de perguntas, que façam o próprio usuário pesquisar e descobrir soluções.
Quando uma pessoa é convidada a um desafio interessante, como uma pergunta aberta ou mesmo um desafio em que inicialmente não se sabe a resposta, a participação gera serotonina, o que aumenta a capacidade de transmissão e armazenamento do cérebro.
Vamos falar sobre como colocar tudo isso em prática? Agende aqui uma conversa para falarmos sobre aprendizagem nos dias de hoje!