Uma análise com foco em SIPAT sobre a evolução das melhores formas de estimular o engajamento e a aprendizagem dos colaboradores da sua empresa
*Por Fernando Seacero
Neste Guia, o autor aplica seu conhecimento na área de educação corporativa, aprendizagem digital e gamificação para contribuir com os profissionais responsáveis por realizar a SIPAT nos dias de hoje.
Contando com a velocidade da atualização e digitalização das coisas, a jornada de quem ensina é instigante, profunda e desafiadora, enquanto também a evolução é contínua.
Diante dessa realidade, as principais estratégias mencionadas no livro Make It Stick: The Science of Successful Learning (em tradução livre – Faça Grudar: A Ciência da aprendizagem de sucesso) abordam a importância de reduzirmos a velocidade de esquecimento das coisas:
(Afinal, a maior capacidade de nosso cérebro em relação a aprendizagem é esquecer e não lembrar das coisas, pois seria uma grande confusão caso não conseguíssemos esquecer das informações que recebemos o tempo todo em nossa vida).
Quando falamos de segurança, o desafio essencial dos colaboradores é lembrar e aplicar as aprendizagens no dia-a-dia.
Os autores desse livro, Peter C. Brown, Henry L. Roediger e Mark A. McDaniel, mergulham nas principais estratégias para aumentar a aprendizagem, e também desconstroem alguns mitos que temos sobre o tema.
Foi isso que motivou análise contida nesse material, com o intuito de avançar no assunto engajamento e aprendizagem na SIPAT.
O teste dos quizzes e das perguntas abertas descritivas
Em testes realizados com estudantes no ensino médio e em faculdades nos EUA, em 2012, perguntas em formatos de quizzes e perguntas abertas descritivas foram realizadas no início, no meio e no fim das aulas em diferentes matérias abordadas.
- Houve um aumento em até 35% da retenção de informações e conceitos complexos.
- Também ampliaram e melhoraram os resultados da aplicação posterior dos conhecimentos aprendidos pelos alunos, em relação a um grupo que não realizou esses quizzes e perguntas.
Além destes resultados, se outras perguntas eram realizadas uma semana após a aula em questão e um mês após a aula, estas adicionavam mais 9% de retenção da aprendizagem em comparação a um grupo que não realizou os testes extras.
Guia para o próximo passo
- Você já atua com ações como essas?
- Como esse teste pode ser aplicado para aumentar a retenção do conhecimento da sua SIPAT?
- Com os recursos que você possui hoje, ou prevê investir nos próximos meses, de que forma você pode aplicar quizzes e perguntas abertas no início, meio e fim das “aulas” ou trilhas?
- Quais mensurações você consegue obter sobre a retenção dos colaboradores depois de determinado período de tempo?
- Você já pensou em aplicar um game para ensinar de uma forma divertida e mensurar diversos quesitos sobre a aprendizagem de cada colaborador na SIPAT?
- E sobre a possibilidade de reforçar o conhecimento e a medição não só na semana, mas tornar o assunto interessante durante o ano inteiro?
Aprendendo com os testes bem sucedidos
Um dos formatos que temos aplicado junto aos nossos clientes e parceiros da i9Ação, e que quero compartilhar aqui, é a prática de oferecer os conteúdos e as palestras já previstas para acontecer na SIPAT, porém de forma fácil e acessível.
O acesso é feito por meio do celular ou computador, em qualquer lugar que o participante esteja. E nessa solução as pessoas são desafiadas em forma de quizzes, perguntas abertas e em um game.
O jogo permite a cada jogador desafiar seus colegas em tomadas de decisões ou com perguntas antes, durante e depois do evento! De acordo com o teste citado no livro Make It Stick: The Science of Successful Learning, é constatado o aumento da retenção. Em nossa experiência como i9Ação, estamos mensurando o resultado em todos as SIPATs aplicadas com esse modelo.
Mergulho com foco total naquele tema
Historicamente, quando pensamos em aprender algo, já imaginamos um mergulho com foco total naquele tema para que ele possa ser aprendido.
Segundo os autores do livro Make It Stick: The Science of Successful Learning, o mais eficiente é, na verdade, criar espaços entre os momentos de estudo sobre o mesmo assunto para que ele possa ser melhor aprendido.
Quando estudamos algo, nossa tendência natural, após algumas horas, dias e semanas, é esquecer os detalhes ou uma parte do conteúdo. Como já falamos, isso é fundamental para nossa vida, pois se não esquecêssemos das coisas que vivenciamos ou aprendemos em um dia, não conseguiríamos organizar e manter tantas informações em nossa mente.
Cerca de uma ou duas semanas após termos contato com um conteúdo, nossas memórias ainda mantêm traços do que foi aprendido inicialmente.
Quando retornamos aos mesmos assuntos e relembramos o que foi aprendido, nós juntamos novamente estes pedaços de memória em algo mais coeso e, muitas vezes, diferente da percepção e aprendizagem que tivemos na primeira vez.
Este conhecimento adquirido ficará marcado em nossa memória de longo prazo, e seu esquecimento será mais lento e demorado. Se o processo se repetir após alguns dias, aumentaremos ainda mais a fixação desse conteúdo.
Guia para o próximo passo
- Quais são os temas que precisariam ser retomados durante o ano para impactar positivamente na vida dos colaboradores e negócios da empresa?
A memória na Aprendizagem Digital
Os participantes conseguem acessar conteúdo como vídeos, Quizzes, PDFs e enigmas, além de games interativos durante toda semana com o uso da plataforma gamificada da i9Ação para Sipat.
Após a semana do evento em si, sempre estimulamos nossos clientes a realizarem uma nova rodada rápida de conteúdos e games. Uma rodada após duas semanas da interação inicial, outra rodada em quatro semanas após o evento, para que as pessoas possam lembrar e reconstruir a aprendizagem recente, mas agora colocando estes aprendizados num lugar permanente e mais estável em suas memórias.
Constatamos que mergulhar e se aprofundar utilizando um bloco de estudos de uma só vez é muito menos eficiente para a geração de memória de longo prazo do que os professores da nossa recente história poderiam imaginar.
Guia para o próximo passo
- Sabendo disso, que tal pensar nisso ao definir a forma de criar conteúdo e trilhas em plataformas digitais?
O Cérebro Trino, o pensar rápido e o pensar devagar
Em seu livro “O Cérebro Trino em evolução”, o médico e neurocientista Paul MacLean cita que, ao longo de sua carreira clínica, começou a perceber que os pacientes de seu consultório reagiam e respondiam às suas perguntas e indagações de formas distintas em dias diferentes.
Às vezes, respondiam de forma reativa, algumas vezes afetiva, e outras vezes de forma racional e lógica. Então, ele começou a sempre se perguntar, quando iniciava uma sessão, quem estava à sua frente naquele dia: o racional, o emocional ou o reativo?
Assim, MacLean começou a esboçar sua genial teoria, amplamente aceita hoje em dia, de que temos três divisões e agrupamentos cerebrais: o Sistema Neocortical (racional e lógico), o Sistema Límbico (emocional e mamífero), e o Sistema Reptiliano (reativo e impulsivo, que herdamos dos répteis).
Cada um desses sistemas tem sua funcionalidade e assume nossas decisões e ações em diferentes momentos. Há momentos em que precisamos de uma decisão rápida. Em outras ocasiões, precisamos pensar mais longamente e reflexivamente sobre algo antes de trazer alguma decisão.
Uma outra forma de vermos estes três cérebros em ação, é quando pensamos no também superfamoso livro “Rápido e devagar: Duas formas de pensar”, de Daniel Kahneman.
Quando estamos falando de pensamento rápido, de decisões rápidas e reativas, falamos de ações de nossos cérebros reptiliano e límbico, que trabalham com a intuição e com reações e soluções ágeis.
Já quando nos referimos ao pensar devagar, estamos abordando o pensar neocortical, ou seja, a reflexão e o metapensamento.
Guia para o próximo passo
- Como e quando o seu modelo adotado para ensinar estimula o Sistema Neocortical (racional e lógico), o Sistema Límbico (emocional e mamífero), e o Sistema Reptiliano (reativo e impulsivo, que herdamos dos répteis)?
- Saiba mais no blog Como entender a BioAprendizagem e o ensino eficiente? O TED Talks explica!
E qual a relação desses 3 amigos com a aprendizagem digital?
Quando pensamos em estruturar uma jornada de aprendizagem que gere impacto e que possa criar memória de longo prazo, ou mesmo em microlearning, é sempre importante ter em mente que a estimulação dos dois tipos de pensamento, rápido e devagar, são essenciais para a aprendizagem.
Um conteúdo que é seguido de um teste ou de um game é excelente, pois estimula o pensamento rápido e a fixação inicial na memória, reduzindo o efeito de esquecimento.
Quando oferecemos uma pergunta aberta, ou um fórum de discussão sobre um tema, onde a pessoa tem que elaborar com suas próprias palavras o que aprendeu e debater sobre o assunto, estamos proporcionando a estimulação do pensamento reflexivo, ou seja, do neocortex.
Quando a complexidade da pergunta e o nível de desafio são maiores (dentro da possibilidade da pessoa que irá responder), aumentam ainda mais as chances de que ela de fato possa aprender e implementar esse aprendizado em sua vida.
Ilhas de memórias e conhecimento
É como se no primeiro contato, nos primeiros testes sobre algum conteúdo, nós criássemos diversos pontos de conhecimento e ilhas de memória, mas que ainda não se conectam. Elas ficam à disposição, por um período, para nos lembrarmos delas por um período.
Sabe quando alguém lhe pergunta algo que você sabe, mas não consegue verbalizar e lembrar a resposta por completo? Você sabe que sabe, que está lá, mas, por algum motivo, a informação não vem à tona. Então, horas ou dias depois, você tem o estalo e diz: Putz, lembrei agora!
Sim! Essa memória que você tentou resgatar incialmente era apenas uma ilha de informação. Quando você lembrou, relacionou com a pessoa que fez a pergunta dias ou horas antes, e ela passou a ser uma memória mais forte.
Quando temos o primeiro contato e respondemos quizzes e desafios em formatos de mini games, desenvolvemos estas pequenas ilhas de informações que podem ou não formar memórias mais consistentes.
Quando, após alguns dias, oferecemos a oportunidade de a pessoa responder com suas próprias palavras uma reflexão, ou solicitamos que ela sintetize o que aprendeu, criamos a chance de que aquela memória se integre com outras informações para formar aprendizagens mais significativas.
Ou seja, sempre que queremos gerar aprendizagem significativa, é importante lembrarmos que os 3 amigos (os cérebros reptiliano, límbico e neocortex) devem ser estimulados.
Isso significa que, falando de outra forma, o pensamento rápido e o pensamento devagar devem ser estimulados conjuntamente.
*Fernando Seacero é fundador da i9Ação, psicólogo especialista em Neuroaprendizagem e gamificação
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