Numa sala, executivos e profissionais da área de recursos humanos de diferentes setores e das mais diversas companhias estão tentando criar um jogo interativo para processos de seleção, retenção ou treinamento de profissionais. A cena se tornará realidade na próxima terça-feira, no Auditório do Saber do Transamérica Expo Center, em São Paulo, e será uma das atividades do Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas – Conarh 2015, que ocorrerá de segunda a quinta-feira desta semana. O tema do evento é a “A Arte da Gestão de Pessoas – Desafios, incertezas e complexidade”.
Durante a atividade, empresários e participantes poderão conhecer os jogos interativos para processos (seleção, retenção, engajamento) de RH. Iniciativa da empresa i9Ação, o Game Jam será lançado no congresso.
O sócio-fundador da empresa e palestrante do evento, Fernando Seacero conta que desde que atuava com educação corporativa começou a aplicar metodologias mais interativas nos processos de recursos humanos. “O treinamento era feito com uma metodologia tradicional e eu percebia que as pessoas não conseguiam aplicar isso no seu dia a dia de trabalho. Então, passei a aplicar processos mais interativos e comecei a trabalhar com games”, conta.
Seacero esclarece que games focados em aprendizado corporativo estimulam três partes do sistema nervoso central: reptilliano, límbico e neocórtex (leia mais no quadro ao lado). “Quando pensamos no uso de games como estratégia (gameficação), a preocupação é estimular essas três partes do sistema nervoso, para gerar memória de longo prazo, que faz com que a pessoa passe por um treinamento ou interatividade, lembre e consiga aplicar no seu dia a dia de trabalho”, diz.
Gameficação
Participante do Conarh pela terceira vez, Seacero conta que, nas duas primeiras, atuou apenas como palestrante sobre o tema gameficação, o uso de jogos nos processos de recursos humanos. “Neste Conarh, teremos uma vivência interativa, na qual as pessoas vão criar jogos. Levaremos ao evento uma metodologia chamada Game Jam, com toda estrutura para auxiliar as pessoas na criação de games.”
De acordo com Seacero, os participantes escolherão um tema e depois passarão por uma sessão de brainstorm. A partir daí, escolherão em um menu o tipo de jogo – se é de cooperação, competitividade, estratégica. Por fim, para ajudar a definir a “cara” do jogo será feito um protótipo do game, para definir se terá tabuleiro, cartas ou dados, por exemplo. “Com os materiais que ele tem na mesa (papel, cartolina, canetas) ele vai rascunhar a estrutura do game. No final, cada mesa vai testar o jogo do outro”, ressalta.
Para o sócio-fundador da i9Ação, quando o game é bem estruturado ele é capaz de proporcionar engajamento mais eficaz nas pessoas. “O engajamento é muito importante para as empresas, seja para melhorar as vendas, auxiliar na integração de novos funcionários, em segurança e saúde ”, diz Seacero.
41ª edição
De acordo com a presidente nacional da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), entidade promotora do evento que comemora 50 anos em 2015, Leyla Nascimento, diante do cenário econômico atual do País, o evento deste ano buscará dar mais leveza às discussões e levar o profissional de recursos humanos à autorreflexão. “A grade do evento foi pensada para revisitar temas e fazer uma linha do tempo com os desafios do RH”, diz Leila.
O Conarh 2015 foi dividido em três eixos: desafios, incertezas e complexidade. Nos desafios serão abordados temas como inovação e tecnologia, conectadas com a emoção e o diálogo. No eixo incertezas, serão repensados o papel preponderante do RH de propor soluções. No eixo complexidade, haverá discussões envolvendo ambientes complexos, conflitos e soluções. “O evento é centrado em gestão. Vamos discutir soluções aplicadas dentro das empresas, ouvir executivos e saber o que esperar do RH”, diz Leyla.
Os debates envolverão questões como saúde do profissional, remuneração e meritocracia e como tratar desses assuntos de uma maneira sustentável, com dignidade e respeito.
Também serão debatidos temas como o papel da liderança em tempos de crise, como está a função do líder nos dias de hoje e a relação entre os departamentos de recursos humanos e financeiro. Leyla destaca, ainda, novidades como jogos interativos, música e gastronomia.
Game estimula tomada de decisão, emoção e análise
Segundo o sócio-fundador da i9Ação, Fernando Seacero, o game estimula três grandes partes do sistema nervoso central: reptiliano, límbico e neocórtex.
O sistema reptiliano, que fica na base do crânio, é responsável pelo movimento, pela tomada de decisão, estratégia, tática, movimento corporal e muscular. Em um game, ele é estimulado pela tomada de decisões complexas em um tabuleiro ou a mudança de posição de um avatar em um jogo digital, por exemplo.
Outro sistema estimulado no jogo é o límbico, o sistema afetivo, emocional. De acordo com Seacero, dentro de um game esse sistema é aguçado pela troca de experiências entre os participantes, a contação de histórias, as cores, a simbologia e a música presentes no jogo.
E por fim, o game também estimula o sistema neocortical – neocórtex –, responsável pela análise, a informação, a escrita e a estratégia do jogo. “Nós estimulamos o neocórtex em um game quando conseguimos fazer um paralelo entre o game e o dia a dia, a realidade do profissional, trazendo informações relevantes para a vida da pessoa”, diz.