Neste artigo, Fernando Seacero, fundador da i9Ação, conta sobre os perrengues de aplicar treinamentos em Compliance antigos e chatos, e diz que é possível montar uma versão muito mais legal desse treinamento obrigatório
Por Fernando Seacero
Um dos primeiros estudos sobre memória e esquecimento foi criado em 1885 por Hermann Ebbinghaus, psicólogo alemão pioneiro em estudos da memória. Ele criou uma representação gráfica da curva de esquecimento.
A curva de esquecimento aponta que quanto mais o tempo passa, mais nos esquecemos do que foi estudado. Mas ela também mostra o quão impactante é a recapitulação após uma hora, um dia, uma semana e um mês para mantermos o conteúdo na memória.
Observando o gráfico da curva do esquecimento (figura), notamos que se você não fizer nenhuma revisão, ao final reterá menos de 10% do que você estudou. Se retomar o assunto em 24 horas, em 30 dias terá retido cerca de 40% do conteúdo. Uma revisão uma semana depois, permite a retenção de 60% e, com uma nova retomada dos assuntos 30 dias depois, o ganho é de 80%.
Descobri esse gráfico há mais de 20 anos graças a experiências que tive em minha carreira corporativa. Na época, eu era um dos responsáveis pelo treinamento de Ética e Compliance em uma grande empresa. Fiz uma pesquisa informal após um dos principais treinamentos a distância que era realizado anualmente.
Eu queria saber o que havia ficado na memória das pessoas após certo tempo de treinamento. A participação dos colaboradores, que era obrigatória, era de quase 100%, porém, ao perguntar após duas semanas sobre os conteúdos do treinamento, ou como aplicar o código de conduta em determinada situação, na maioria dos casos a resposta era um sonoro “Huuuum, não sei”.
Você já fez esse teste?
O resultado era tão ruim que, na época, fui atraído para aprender mais sobre memória e aprendizagem. E me deparei com o Hermann Ebbinghaus.
Problema do gerente e do treinamento
Aqui quero ressaltar outra situação que também vai culminar na gamificação com o gráfico do Hermann.
O formato tradicional de EAD, em que o treinamento era disponibilizado já naquela época, nos trazia muitas caras e comentários de desânimo das pessoas na empresa.
Se você é responsável por treinamentos repetitivos e obrigatórios, é provável que evite o espaço do cafezinho nos dias próximos à semana de Compliance.
Não é verdade?
É natural que as pessoas despejem em cima do gerente (que as “obriga” a fazê-lo anualmente) todo descontentamento com o treinamento ruim, longo e repetido. E depois você pergunta o que elas aprenderam e, apesar de terem passado por todo o processo, na maioria dos casos elas não se lembram mais.
Para melhorar um pouco, então, no ano seguinte, além dos treinamentos de EAD, trouxemos dois palestrantes para falar sobre o código de conduta e sua importância para a empresa.
As respostas até melhoraram naquela minha pesquisa informal com os participantes após o evento. Mas, mesmo assim, pouco tinha ficado de aprendizagem. Só que os comentários sobre como a semana de “setas e PPTs” era dura, continuavam.
Com base nestas experiências, passei as duas últimas décadas estudando e trabalhando com aprendizagem, memória e engajamento.
Abaixo, vou listar 3 dicas para tornar a sua semana de Compliance mais legal. Afinal, se é obrigatória, pode ao menos ser divertida:
Então, como podemos criar uma semana inesquecível?
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Invista em nível de engajamento orgânico maior e menor esforço para fazer a semana de compliance dar certo
A primeira coisa que precisa ser mudada é a impressão de que a Semana de Compliance é chata. Reverter essa impressão é um dos primeiros trabalhos que pode ser feito pelo Gerente. Para isso, a solução é gerar uma experiência positiva.
Adotar uma gamificação bem feita muda a visão das pessoas em relação à sua área de Compliance.
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Trazer conteúdo com diversidade de formatos
Diferentes pessoas possuem diferentes preferências de aprendizagem. Alguns preferem palestras, outros vídeos e desafios, outros preferem ler e depois aprofundar os temas. Outros ainda preferem ouvir um podcast e depois aplicar.
Para acolher todos estes perfis de aprendizagem e também para dar mais dinâmica ao processo, o importante é oferecer diferentes formatos de conteúdo. Você pode organizar uma semana de evento com webinares, desafios, textos, artigos, PDFs, vídeos sobre compliance.
Pode ainda acrescentar um ranking e prêmios para os vencedores dos desafios. Tudo isso contribui para uma semana mais legal. Pensando nisso, hoje é possível criar trilhas de aprendizagem com tudo isso dentro de uma plataforma, como o 2Gether.
Depois de passar pelas trilhas, acessar o conteúdo, aplicar uma prova com nota pela própria plataforma, o ciclo pode ser finalizado com um game que seja realmente divertido, para que todos possam ter uma experiência marcante sobre o tema. Aqui, sugerimos o game Compliance Play para rever e fixar toda a aprendizagem, além de somar uma experiência interativa e divertida.
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Promover eventos como a Semana de Compliance em um game customizado
Diferente de uma plataforma com trilhas de aprendizagem, uma alternativa que dá muito certo também, é passar o conteúdo por meio de um game personalizado (com identidade visual, mecânica, storytelling e conteúdo da empresa).
Que tal disponibilizar games sobre os temas que durem toda a semana? Este game pode começar com um vídeo de boas-vindas do presidente, escolha de avatar, tutorial. Conforme a pessoa vai avançando no conteúdo, avança também no mapa/cenário criado/ trilha de aprendizagem. Este tipo de solução traz também uma biblioteca para a consulta do conteúdo para melhorar a performance no processo e também no ranking.
Além da Semana se passar dentro de um jogo, muitos desafios gamificados também podem ser inseridos no processo de aprendizagem como verdadeiro ou falso, colocar informações embaralhadas em ordem, etc. Há muitas formas de avaliar e ser reconhecido, seja por presentes para o avatar, medalhas, pontuação no ranking, brindes, por exemplo.
Falando em jogos, nesse formato também sempre inserimos alguns jogos “funs” feitos com a cara da marca (como obrigatórios ou não) para que a pessoa também se divirta e relaxe entre as tarefas. Tudo depende da mecânica e da proposta do projeto, é claro!
E o melhor, é que um universo pode ser criado e incrementado ao passar uma semana, ou até para o próximo ano!
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Fixar o conteúdo com um game de fechamento
Após 1 semana, 2 semanas ou 30 dias do evento, uma dica valiosa é oferecer um game, como o Compliance Play, onde as pessoas possam mergulhar um pouco mais, revisar, testar e colocar em prática sua aprendizagem.
Nessa estratégia, além de aprofundar seus conhecimentos sobre os temas abordados na Semana de Compliance, podem ser oferecidos desafios para as tomadas de decisão em situações relacionadas a lavagem de dinheiro, políticas de anticorrupção, ambiente de trabalho e outros temas abordados.
Então, cada um poderá participar de um novo jogo por uma semana para poder exercitar aquilo que aprendeu lá na Semana de Compliance. Esse novo game pode ter uma campanha específica para engajamento e um ranking específico também.
Sugira: Desafio de uma semana! Teste seus conhecimentos, busque estar entre os melhores colocados do ranking e ganhe prêmios.
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Entenda os hormônios e recorra aos desafios entre os participantes
Para que o processo resulte, de fato, em memória de longo prazo é necessário que ele gere dopamina e serotonina no cérebro dos participantes.
Como fazemos isto? Com games de aprendizagem onde exista este tipo de desafio entre todos. Isto aumenta o engajamento nos conteúdos e gera a sensação de divertimento na aprendizagem. Na dimensão hormonal, isto gera Dopamina (desafio entre as pessoas) e Serotonina (diversão com o game).
Estes dois hormônios, são as “colas” que irão ampliar a fixação da aprendizagem, principalmente se realizado 30 dias após a semana inicial de evento.
Quer conhecer mais sobre uma plataforma que pode criar uma semana inesquecível de Compliance? Marque um bate-papo para conhecer alguns casos de sucesso.
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