Confira o texto publicado no site Falando de Gestão, sobre a parceria entre a i9Ação e o Escape Hotel. Tema também foi alvo de reportagem do UOL, com destaque ao treinamento corporativo
A receita parece simples – prenda meia dúzia de pessoas em uma sala com móveis cheios de objetos, paredes com anotações enigmáticas e passagens secretas, e dê 60 minutos para o grupo encontrar pistas que o levem a localizar a saída. A fórmula, criada em 2007 no Japão e batizada de real escape game, partiu da lógica de videogames do tipo ‘aponte e clique’ e, em movimento contrário à tendência de virtualização, buscou trazer para o real o que até então só se via na tela. Deu tão certo que, em três anos, a ideia já era replicada em mais de uma dezena de países. Mas isso foi apenas a primeira pista de que os jogos reais tinham fôlego para se tornar sucesso no mundo do entretenimento.
Os números falam alto: do início, em 2007, até meados de 2016, o total de salas de escape no mundo cresceu estonteantes 498.000%. Claro que esse é um percentual sem muito sentido, na medida em que parte de apenas uma sala. Basta, porém, observar a dinâmica do segmento entre 2014 e agosto de 2016 para notar que as coisas vão mesmo muito bem nesse novo mercado. Em 18 meses, o número de salas de jogos floresceu em mais de 870% no mundo – hoje elas existem em ao menos 1.016 cidades de 87 países. Segundo o Escape Room Directory, há no mínimo 2.175 locais de escape games, somando 5,1 mil salas de jogos. O Brasil é sócio relativamente recente do clube, mas já soma 32 locais – a estimativa é de cerca de 140 salas verde amarelas.
“Provavelmente são mais”, diz a administradora de empresas Patrícia Estefano, que trocou uma promissora carreira no mercado do luxo – ela foi executiva de marketing de marcas como Swarovski, Estee Lauder e Loccitane en Provence – pela vida de empreendedora, se associando à criação do Escape Hotel, em São Paulo. Dona de instalações que simulam um hotel dos anos 40, a empresa nasceu no primeiro semestre de 2016 com cinco salas e três temas de jogos e já se move para ampliar a oferta. Ao lado da sócia Vanessa von Leszna, Patrícia vem trabalhando na inauguração de novas salas até o final do ano. “Por enquanto há público para todos os empreendimentos”, avalia Patrícia, “mas a tendência é o mercado se consolidar e, como sempre, só os mais adaptados sobreviverão”.
Parceria em RH
Para o psicólogo com MBA em RH Fernando Seacero, desde já o Escape Hotel se inscreve entre um desses ‘sobreviventes’. Seacero é diretor da i9Ação, uma das mais respeitadas empresas de capacitação de recursos humanos do país, pela qual são treinadas anualmente cerca de dez mil funcionários de companhias como Banco Votorantim, Mapfre e PwC, entre outras de igual calibre. Curioso com a maneira como as sócias do Escape Hotel desenvolveram os roteiros das salas, Seacero procurou se informar melhor e acabou por assinar um contrato de parceria de negócios, inédito no Brasil, com a casa de jogos. Pode soar estranho uma empresa de RH se interessar por games, mas o diferencial da i9Ação em seus 15 anos de mercado é justamente usar “soluções lúdicas interativas”, como diz o empresário, na capacitação de pessoal. Ou seja, as empresas contratam o time capitaneado por Fernando para criar e implementar games destinados a dar novos conhecimentos e desenvolver capacidades em seus quadros de colaboradores.
A ideia da parceria vai nessa direção. De forma sintética, é levar os treinandos para jogar no Escape Hotel. “É exato isso, mas falar assim é simplificar algo que nada tem de simples”, diz Seacero. “O que estamos lançando é uma pequena revolução no mercado de treinamento. Criamos junto ao Escape Hotel uma aplicação nova, impactante e de alta eficácia de desenvolvimento de RH. Nela, trabalhamos a geração de memórias de longo prazo, de aprendizagem de novas competências e melhoria de desempenho nas organizações”, explica o psicólogo. A melhor fixação do aprendizado em memórias de longo prazo via atividades lúdicas é já há algum tempo conhecida da ciência, mas a sacada da i9Ação foi criar métodos para customizar essa percepção segundo a necessidade de cada empresa e usar novas descobertas sobre o funcionamento cerebral para formatar os jogos.
Neurônios, jogos & realidade
Segundo Seacero, com os jogos de escape essa lógica pode ser levada a seu máximo ao acessar simultaneamente o sistema límbico do cérebro, que se liga à cenografia, música e outros estímulos do escape, e o neocórtex, área com 30 bilhões de neurônios relacionada às recordações, conhecimentos e habilidades acumulados por cada humano. Para isso, além de personalizar os roteiros, a metodologia permite acompanhar a vivência das pessoas durante o game, seguir seus fluxos de comunicação, observar lideranças e dificuldades que emergem de situações específicas. Outra parte do pulo do gato está na equipe de especialistas que, após a “brincadeira”, reúne os treinandos para construir pontes entre o que foi vivido no jogo e a realidade. “É uma hora de vivência e outra de reflexão, na qual se levam as percepções até o plano de ações para que a pessoa possa usá-las no cotidiano da empresa”, diz Fernando. Noções por vezes abstratas como liderança, flexibilidade e trabalho em equipe, após o escape-treinamento, ganham corpo sólido.
Embora seja commodity no setor de escape oferecer salas para departamentos de RH, Patrícia Estefano usa seus anos de vida corporativa para frisar que, ao desenvolver a metodologia com a i9Ação, o ponto focal foi fugir da superficialidade. “Jogar por jogar é entretenimento. O que estamos dando é outra coisa – uma solução de valor real somando games, consultoria e implementação de um modelo de análise multidimensional em treinamento. A brincadeira aqui é séria”.
Surpresa da PwC
Com instalações para turmas simultâneas de até 40 treinandos por hora, a intenção do Escape Hotel é atender ao menos 60 projetos corporativos entre julho de 2016 e janeiro de 2017. Várias companhias já experimentaram a nova metodologia de RH e gestão de pessoas, a exemplo da Roche, Omint, Magazine Luiza, Johnson & Johnson, Catho e a Consultoria empresarial PwC, que levou 11 gestores do setor de Recursos Humanos – entre os quais o diretor da área – para passar duas horas trabalhando no Escape Hotel. Divididos em duas turmas, cada qual em uma sala de jogo, eles se dedicaram a investigar um misterioso assassinato. Depois do jogo, se reuniram para um “de-briefing”, com apoio da i9Ação, onde discutiram como foi a participação do time no jogo, quais os pontos fortes (as chamadas fortalezas) e fracos (ou de desenvolvimento) da ação em grupo e que tipo de insight gerado pela experiência poderia ser usado para equacionar os dois principais pontos que levaram a firma a realizar a vivência: o fortalecimento e a integração do trabalho em equipe.
“Ficamos surpresos”, diz a psicóloga Andrea Wilens, supervisora de RH da PwC, que trabalha na firma há mais de dez anos. “Se fosse um treinamento ‘normal/tradicional’ ou uma discussão entre os gestores para avaliar o cenário, não chegaríamos a percepções e caminhos tão ricos quanto os que atingimos”. Segundo Andrea, um dos pontos que chamou a atenção foi a relevância do trabalho “com menos prevalência de egos” e mais foco em resultado. Explica-se: os dois times, embora frente a desafios idênticos, atuaram de forma bastante diferente. O grupo com grande diferenciação individual, ou mais diversidade, mas que sabe se integrar em equipe e aproveitar as competências individuais, tem mais facilidade para chegar aos resultados. “Essa percepção pode ser algo que se intui, mas é muito diferente quando se experimenta isso na prática”, diz Andrea.
Quer saber mais detalhes sobre esse tema? Veja a matéria publicada no UOL! E, claro, também siga ligado aqui, no Blog da i9Ação.