Por Fernando Seacero
As mudanças trazidas pela pandemia em 2020 impactaram as pessoas, as escolas e também as organizações. E mesmo após meses, ainda estamos vivendo um momento em que não sabemos como será o futuro. E desculpem-me os futurologistas, mas ninguém nunca soube de fato.
Como disse Abraham Lincoln, “The dogmas of the quiet past are inadequate to the stormy present”, ou seja, os dogmas do passado calmo são inadequados para o presente tempestuoso.
O que temos aqui no presente é um desafio de como ter aprendizagem de qualidade, mesmo considerando nossa distância. Nossos dogmas passados, entre eles aprender em salas de aula e presencialmente, não têm mais qualquer sentido.
Só para recordar, pesquisas sobre aprendizagem nos mostram que uma aula expositiva, um webinar sem possibilidade de interação após o evento ou mesmo apenas telas com conteúdos que avançam geram retenção de no máximo 12% do conteúdo nos 60 dias subsequentes. E o que isso significa na prática? Que as pessoas simplesmente se esquecem de quase tudo o que deveriam ter aprendido quando a aula não interage, desafia, engaja etc.
Bem, então quais as principais armadilhas que devemos evitar para que isso não ocorra?
Armadilha número 1 – A famosa trilha linear, ou a Aprendizagem Linear
Já que estamos em isolamento social, vou usar aqui uma analogia lembrando daquele tempo em que frequentávamos festas e encontrávamos pessoas.
Porque imaginar pode!
Imagine que você é convidado para uma festa. Você fica super entusiasmado porque já conhece as pessoas lá, vai se divertir e interagir com o pessoal.
Você não sabe o que de fato irá acontecer. Vai dançar, talvez. Quem sabe encontrar aquele amigo que não vê faz tempo e falar dos assuntos que gostam.
Agora, imagine que ao invés disso você é convidado para uma festa cheia de possibilidades e interações, mas… ao chegar lá descobre que existe uma regra: uma trilha de coisas que terá que fazer.
Primeiro deverá comer aquele sanduiche de atum, depois deverá falar com uma pessoa, primeiro com o dono da festa porque decidiram que ele era o mais importante para você interagir. Depois deverá falar com outras seis pessoas em ordem e apenas a seguir você vai ”finalmente” ter que dançar (mesmo que não queira).
Provavelmente, bem no início da festa, você vai buscar uma desculpa para poder voltar imediatamente para casa, não vai?
Essa é a sensação de desengajamento que uma pessoa sente quando não lhe é dada a oportunidade de escolher a hora, a ordem e como deseja percorrer sua trilha de aprendizagem.
Muitas pessoas gostam, por exemplo, de iniciar assistindo a um vídeo. Hoje cada vez mais pessoas gostam de aprender com áudios, por meio de podcasts. Depois, se ela realmente se interessa, ela vai buscar um texto ou interagir e compartilhar o que aprendeu.
Pode também responder um Quiz sobre o assunto, ou mesmo resolver um problema sobre o que está sendo apresentado. Há também o tipo que já prefere iniciar lendo, depois assistir um webinar ou complementar com um vídeo.
Há várias formas de dar opções para que a pessoa tenha liberdade de escolha e consiga seguir seu flow para aprender (e gostar de aprender).
O mais importante é deixar as pessoas escolherem como elas desejam aprender, em que ordem e com qual tipo de interação.
Dica para escapar dessa armadilha na educação
Nossa aprendizagem não funciona como um fast food, onde podemos padronizar a ordem e sequência das coisas, pois nosso jeito de aprender é orgânico. Afinal, somos humanos e nosso sistema neural é um sistema que evolui muito mais lentamente do que os sistemas da informação.
Se você quer conhecer mais sobre os mecanismos de aprendizado, acesse a palestra de Bernie Dunlap no TED, The Life Long Learner, e também a apresentação de Sir Ken Robinson, também no TED, ambas com legendas disponíveis em português.
E para saber como podemos ajudar você a escapar dessa armadilha ao oferecer educação corporativa em sua empresa, entre em contato com a i9Ação para um bate-papo com a nossa equipe!