Conceitos de games são cada vez mais usados por profissionais e empresas para treinamento de liderança e engajamento. Técnicas de jogos ajudam a aplicar no trabalho conceitos como cocriação, inovação e cooperação. Além disso, os jogos ajudam a envolver equipes com reconhecimento, satisfação e emoção. Quem já conheceu em casa jogos como Atari, Mega Drive, Nintendo, Playstation ou Xbox, sabe que essa experiência é uma boa fonte de inspiração para transformar metas em desafios envolventes e divertidos.
Para o neuropsicólogo e desenvolvedor de games Fernando Seacero, que trabalha com gamificação há 14 anos como sócio-fundador da empresa de Desenvolvimento de Games e soluções Interativas i9Ação, os jogos fazem com que o jogador se movimente, se emocione e utilize o raciocínio. “Os jogos utilizam os três grandes sistemas neurofuncionais, e por isso o uso de algumas técnicas faz com que uma atividade gamificada seja além de envolvente, mas ensine conteúdos mais rapidamente e ainda resulte em memória de longo prazo”, explica Seacero.
Confira dez lições que Seacero indica para quem quer turbinar a carreira e a atuação em liderança com o técnicas de game:
1º- A importância de cada peça dentro do jogo
As pessoas buscam sempre o sentido e a chance de ser parte de algo maior. Para atender essa necessidade dos profissionais, o líder pode informar a equipe sobre a importância de cada ação para o sucesso final de uma missão maior. Quando a equipe compreende o papel de cada um, conseguirá reconhecer a importância de cada ação no trabalho para alcançar metas coletivas e grandiosas.
2º – Para engajar é preciso emocionar
Engajar também é utilizar desafios para que os participantes evoluam pela história que está sendo contada pelo jogo. Ao utilizar elementos de games como history telling e ambientes envolventes, ele tem a inteligência de trazer a sensação de um trabalho gratificante para a equipe e estimula o prazer em avançar.
3º- Desafio épico
Para envolver a equipe nessa missão maior, uma técnica é transformar desafios triviais em desafios épicos, ou seja, apimentar a história e o cenário lúdico com criatividade. Aqui pode-se utilizar metáforas, correlacionar o cenário real com uma jornada pelo Himalaia ou uma travessia de barco. Dentro desse contexto, o objetivo é também proporcionar a aprendizagem constante de todos os envolvidos.
4º – Personagens
Na estrutura inicial de vários games de entretenimento de sucesso mundial, o jogador é convidado a criar seu personagem “Avatar”, com suas forças e fraquezas existentes. Em um jogo corporativo, todos devem ter missões com objetivos definidos, só assim é possível avaliar as etapas e dar feedbacks. Os objetivos farão que todos percebam claramente o impacto de cada ação, dentro de um cenário integrador e contextualizado.
5º – Feedback constante
Para que toda essa narrativa funcione, um segredo é oferecer feedback imediato dos avanços dos colaboradores e fazer com que avancem mais e subam de nível em seus desafios. A experiência com games ensina que quanto mais constante e concreto são os feedbacks do líder, mais participativa e colaborativa é a equipe.
6º – O superpoder que existe em cada um
Na história e na cultura de desenvolvimento das organizações, se gasta tempo e energia tentando desenvolver competências e potencialidades nas pessoas, sem antes investir no estímulo para exercerem plenamente as competências ou poderes que já possuem. No processo de gamificação é preciso entender os potenciais humanos e as competências existentes em sua equipe. Assim, é possível propor desafios que realmente utilizem as capacidades existentes em cada componente do time.
7º – Conexões e vínculos sociais mais fortes
A conexão entre as pessoas dentro dos jogos gera o que é chamado de “emoções pró-sociais”, que aparecem com vínculos sociais e desafios colaborativos. Elas são expressões e alicerces de competências como empatia, trabalho em equipe, visão global e ação local.Um exemplo de onde encontramos emoções pró-sociais é em ambientes virtuais, onde atualmente os jogadores de todo o mundo colaboram e criam conhecimento intensamente dentro de redes.
8º – Ponte entre o individual e o coletivo
A gamificação traz um ambiente de colaboração para uma missão comum. Assim, os colaboradores entendem como a missão e a visão da organização fazem sentido e estão alinhadas com a sua própria visão e missão. O game estabelece a ponte entre o individual e o coletivo para que todos possam jogar juntos em direção a um objetivo inspirador e importante para a empresa.
9º – Recompensas quando mais precisamos delas
Será que o sistema de recompensas da sua organizações está engajando e realmente recompensando as pessoas? Repare, os jogos como Farmville e aplicativos como o Foursquare utilizam o reconhecimento social como o principal motivador das ações realizadas. Nesses casos de sucesso, os jogadores não ganham nada palpável, não ganham estrelinhas, ou mesmo moedinhas, mas ganham visibilidade ou crescimento.
No Foursquare, apenas a visibilidade é um fator estimulante. Em alguns jogos, como o antigo Tetris, a motivação do jogador é melhorar a cada momento e o jogo nunca chega ao fim. O desafio do gamificação é entender os principais eixos motivadores de cada um e cocriar formas de recompensa para cada situação e indivíduo.
10º – Experiência da celebração
Compartilhar experiência pode ser uma missão periódica, para trocas de dificuldades e aprendizados. O momento de abertura de diálogo pode trazer ao líder mais informações para o objetivo da empresa, bem como, ideias para melhorar cada vez mais o game interno. Além do diálogo, criar formas de celebrar cada etapa cumprida pode ajudar no percurso, pode ser uma ação simbólica, como tocar um sino, uma salva de palmas, uma foto ou um brinde. O importante manter a satisfação de todos em ajudar a construir a empresa em um ambiente saudável.